Abrigo-receptivo do Parque Nacional do Itatiaia
Como lidar com a necessidade de se construir um edifício em solo “sagrado”, circunscrito à paisagem exuberante de um dos lugares de atmosfera mais extraordinários do Brasil?
A partir dessa reflexão, propomos então um processo de projeto que se baseia na cooperação da preexistência, com respeito a inserção local. Nesse sentido, o edifício deve ser capaz de absorver os vestígios da vida, e consequentemente, gerar riqueza espacial, aproximando-se da escala do lugar e de tudo que o circunscreve.
A essência daquilo que caracteriza este território repleto de história e vida, está, sem dúvida, na sua materialidade e nos detalhes. O edifício projetado, não deve ser encarado como mero abrigo, mas sim, como espaço que integra memória, paisagem, usuários, desejos, coragem, medos, passado e presente. E nesse instante, o abrigo deixa de ser entendido como mero espaço de acolhimento, e passa a ser parte de nós mesmos, transcendendo o sentido pragmático de seu programa e simples objetivo construtivo.
Para tal, entendemos a necessidade de estabelecer algumas premissas projetuais:
1_O edifício deve ser facilmente reconhecido pelos visitantes;
2_Sua estrutura nômade, deve ser pensada para fácil deslocamento, montagem e desmontagem, em virtude do difícil acesso e escarssez de materiais de construção na região, além de se conectar ao tipo de vida ancestral resiliente;
3_O volume deve alçar-se a cima do solo, o que evitará umidade e permitirá a manutenção das características do relevo e da paisagem circundante;
4_O edifício deve ser completamente acessível e precisa garantir adequado conforto ambiental aos seus usuários, além de externar seu comprometimento ambiental através de suas superfícies e tratamentos técnicos (acústico e térmico);
5_E por fim, comprometer-se a fazer parte do território por meio de seus espaços e materialidade;
MENÇÃO HONROSA…
A Paisagem construída
O espaço que tenha na sua essência o valor da convivência, do encontro, da troca, do
cotidiano, como diretriz de projeto, não poderia ser concebido de outro modo, que não
fosse através da criação de uma praça pública como espaço de convergência de atividades e manifestações diversas.
Portanto, nosso projeto, basicamente é composto por uma praça suspensa, que direciona verticalmente os fluxos diversos, seguindo a lógica do programa do Complexo Cultural,Esportivo e de Lazer do SESC-Distrito Federal, que define claramente três grupos de atividades de naturezas distintas: áreas de ação cultural, áreas de ação de lazer e áreas para desenvolvimento físico desportivo.
Esse variado conjunto gera um extenso programa de necessidades institucionais atendido pelo projeto arquitetônico, possibilitando a criação de áreas de convivência que articulam esses diferentes usos, e que podem também assumir uma reversibilidade no sentido em que poderão ser transformadas ocasionalmente em áreas de exposições, intervenções e apresentações diversas. Estes espaços privilegiam a integração visual e física entre os diversos ambientes, entre o complexo e a paisagem, estimulam a liberdade de circulação além de possibilitar acolhimento e sociabilidade entre os frequentadores.
Colaboradores:
Arq. Raíssa Rocha
Frederico Martinho
Consultores e Projetistas complementares:
Proj. do Teatro: Maurício Campbell
Projeto Estrutural: Bruno Contarini
Instalações Prediais: Gilvan Ferreira
Ar condicionado: Paulo Kayano
Paisagismo: Fernando Acylino e Violeta Pires
A Paisagem construída
O espaço que tenha na sua essência o valor da convivência, do encontro, da troca, do
cotidiano, como diretriz de projeto, não poderia ser concebido de outro modo, que não
fosse através da criação…
SESC Brasília
A Moldura da Paisagem
O Edifício baseia-se na criação de espaços que promovam a experiência contínua, o intercâmbio, a possibilidade de ver e ser visto, a descoberta e o incentivo à criação, ensino e cultura. Assim sendo, o espaço é abordado como possibilitador de experiências diversas, onde cada um interpreta, se apropria e modifica o ambiente de maneira diferente segundo sua forma de ver o mundo, segundo aquilo que conhece. Neste projeto, a incorporação da experiência do indivíduo na percepção da arquitetura deve vir, no entanto, acompanhado da possibilidade de ampliar a ideia de individualidade, assumindo assim que o usuário é considerado um habitante ativo da cidade e desta forma, é parte de uma coletividade. Assim, edifício proposto estimula a intercomunicação espacial a partir da estratégia de construir no entorno imediato novas relações legíveis a partir da criação de espaços de circulação e de grandes áreas de convívio que se constituem como vazios vibrantes que promovem a aglomeração de pessoas e se abre para as relações entre os espaços.
Colaboradores:
Arq. Ronaldo Brilhante e arq.Raissa Rocha
Luisa Gonçalves e Luana Fonseca
O projeto cria uma relação imediata entre os elementos PRAÇA – EDIFÍCIO – LAGOA. Através do levantamento e compreensão das condições gerais do entorno imediato, propomos como fio condutor de nossa intervenção, a criação de uma passagem pública para pedestres pelo terreno, integrando e liberando o eixo visual entre a lagoa e a Praça principal de São Pedro da Aldeia. Em 2009 foi refeito em virtude de novas necessidades do cliente.
ACOLHIMENTO
Importante equipamento urbano, os Mercados Públicos sempre foram espaços de encontro, de manifestações culturais, de lazer, de comércio e troca.
Ao longo dos tempos, a arquitetura dos Mercados Públicos se mistura à evolução tecnológica da cidade, de seus costumes e tradições culturais difusoras da memória coletiva.
O Mercado Público trás consigo seu original espírito urbano,
que o relaciona diretamente com elementos como a rua, a praça e o passeio.
Esta questão conduziu conceitualmente nossa proposta para implantação do Mercado Público de Blumenau.
Entendemos que o Mercado deve fazer parte da cidade, assim como a cidade deve invadir o Mercado. No terreno estabelecido para a implantação do novo Mercado criamos uma praça que concentra, hierarquiza e distribui todo o fluxo de acesso, permanência ou passagem por sua área, possibilitando a criação de uma franca relação com as diversas atividades existentes no novo edifício, potencializando também a percepção espacial do conjunto arquitetônico que se destaca e
se abre para a cidade.
Este partido arquitetônico nos garante a construção de um espaço adequado para o bem estar da “vida” do Mercado, fazendo da sua apropriação coletiva e privada, ferramenta de fundamental importância para a integração social e econômica de suas diversas atividades.
Autores: Ana Paula Polizzo, Gustavo Martins e Marco Milazzo