FUTURO EM RISCO!

Em 2000, o Instituto Telemar promoveu um Concurso Público Nacional de Arquitetura em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), para a escolha do projeto do Museu das Telecomunicações (hoje conhecido como Oi Futuro). O objetivo era reformular o antigo Museu do Telephone, edificação construída em 1918, no bairro do Flamengo, e geminada ao edifício sede do IAB-RJ, no Rio de Janeiro. Dentre os 63 projetos de todo o Brasil, venceu a proposta da Oficina de Arquitetos, equipe formada pelos arquitetos Ana Paula Polizzo, André Lompreta, Gustavo Martins, Marco Milazzo e Thorsten Nolte. O edifício que abriga o Oi Futuro foi projetado e construído obedecendo o antigo PAA 10601 (Projeto de alinhamento para trecho da Rua Dois de Dezembro e para delimitação de área destinada a futuro terminal rodoviário urbano, situada entre as ruas Dois de Dezembro, do Pinheiro, Machado de Assis e Projetada) aprovado pelo Decreto nº7692 de 02/06/1988. Foto_01 Desta forma seguindo todas as normativas urbanas, o edifício adquiriu o seu caráter atual. A futura abertura de uma rua lateral à edificação possibilitou uma implantação privilegiada e uma volumetria adequada ao entorno, valorizando suas fachadas (agora três, e não mais uma única frontal) e reforçando o conjunto que este faz com o IAB-RJ. A entrada do edifício, passa a ser pela fachada lateral, e passa a ser generosa, abrindo-se para a larga calçada da Rua Projetada. Foi considerada ainda uma entrada de carga e descarga na fachada de fundos do edifício, voltada para uma rua de pedestres que conectaria a Rua do Pinheiro (que dá acesso ao IAB) à Rua Projetada.   Foto_02     Em 2014, consequentemente, através da Lei nº 6938 de 18/12/2014, foi autorizada a venda do antigo lote do Metrô (aos fundos do IAB e do Oi Futuro)  incluindo na lista o Lote 1 do PAL 47855: “Rua Dois de Dezembro, localizado entro os prédios nºs 63 e 71” e o Lote 3 do PAL 47855: “Rua Irineu Bornhausen (Governador), lado par, lado ímpar fazendo testada para a Rua Arno Konder, lado par fazendo esquina com a Rua Machado de Assis, lado par e testada também para a Rua do Pinheiro.”   Foto_03

Em 2011 foi aprovado novo PAA 12288, que alterava o PAA anterior.

Por estes PAA e PAL, não haverá mais a abertura da Rua Projetada prevista no PAA de 1988 e nem a rua de pedestres que conectaria a Rua do Pinheiro  à Rua Projetada. E isto influi diretamente na inserção ubana do Oi Futuro e do IAB na malha urbana! Atualmente, segundo informações colhidas, um empreendimento imobiliário composto por um conjunto de torres, desenvolvido pela Construtora Sig Engenharia Opportunity, foi aprovado por todos os órgãos e começará a ser construído em breve. Foto_06Foto_05

Fonte: https://www.ddimoveis.com.br/icono-flamengo

Há tempos que boa parte do mercado imobiliário vem definindo a forma e a distribuição sócio-espacial da cidade. Também não é novidade dizer que o domínio das operações urbanas e as ações dela provenientes tem direta responsabilidade sobre a sequência de equívocos que tem conformado os espaços da cidade. Neste contexto, a sociedade é ignorada, espaços são segregados, partidos e desfigurados, sempre em prol de interesses particulares. Em nossa opinião, a implementação de um empreendimento desta escala neste local, possibilitada pelo novo PAA e pelas leis sancionadas, contribui para acabar com a ambiência deste espaço. Não somente por ignorar as preexistências tão marcantes no entorno imediato (o IAB-RJ, antiga Sala das Machinas da Companhia Ferro Carris Jardim Botânico (CFCJB) e o Castelinho do Flamengo que abriga o centro cultural Oduvaldo Vianna Filho, ambas edificações tombadas) mas ignorando completamente ainda, as premissas adotadas na concepção de um edifício fruto de um concurso público nacional.