Lembrar é um ato subversivo
A tragédia de 2011 na Região Serrana do Rio de Janeiro é considerada a maior catástrofe climática do Brasil. De acordo com os dados oficiais do Governo do Estado, a tempestade matou 918 pessoas, deixou 30 mil desalojados e, de acordo com o Ministério Público Estadual, ao menos, 99 vítimas seguem desaparecidas até hoje.
Em Nova Friburgo foram 3.220 desalojados e 2.031 desabrigados, além de mais de 426 vítimas fatais (O GLOBO, 27/01/2011), apesar dos dados quantitativos serem duvidosos para muitos. Ainda que passados 10 anos, a noite do dia 11 de janeiro e os dias seguintes ao desastre estão eternizados na memória de todos os sobreviventes e nas imagens marcantes que foram registradas.
Hoje a população do município de Nova Friburgo, uma das regiões mais devastadas pela tragédia, ainda sofre calada por suas perdas. O fenômeno climático ocorrido na noite do dia 11 de janeiro de 2011, fez a população entender sua frágil condição de ocupação em um território tão peculiar em virtude de sua geomorfologia. Nova Friburgo foi erguida às margens do rio Bengalas, com sua urbanização se intensificando margeando o rio e subindo pelos morros, chegando a ocupar uma área de 933,414 km² segundo o IBGE.
Enraizada na memória de seus habitantes, a tragédia ocorrida, não reflete a própria realidade, ela a questiona e a contesta em seus valores fundamentais, suscitando a compaixão e o terror. Segundo a associação de vítimas da tragédia, a ausência e a incapacidade de lidar conscientemente com a memória do fato, a traveste de acaso, ou de vontade divina, funcionando como uma espécie de anestésico sociocultural, cuja consequência é o desencadeamento de um processo de esquecimento coletivo, visando novo cotidiano.
Entendemos…
PAISAGEM E POESIA
A ressignificação do território vivido e em constante transformação por meio de um olhar local e íntimo
Habitamos em realidades culturais, mentais e temporais. O desafio de desenvolvermos uma proposta de intervenção urbana na orla de Charitas não representa apenas a oportunidade de ressignificação de um espaço ocupado de forma heterogênea e coletiva. O entendimento de seu significado plural acolhe memórias, saberes, lembranças e esperanças. Seu espaço urbano é repleto de conflitos, assim como encontramos em diversas outras áreas banhadas pelo mar em cidades brasileiras, muitas vezes alienadas e descompromissadas com os inúmeros personagens da vida cotidiana, que dão identidade ao território.
No entanto, é importante reconhecermos, que Niterói carrega consigo um sentimento de inquietação social, que vem estimulando, historicamente, novas perspectivas de transformação de seu território através do desenho urbano e da arquitetura, e por essa razão, fazendo estreita e necessária relação “dialógica” entre baía e espaço pré-existente.
Nossa realidade existencial e vivida é uma condição expressa, em camadas e em constante oscilação, e nesse sentido, propomos pensar o projeto de maneira a dar ênfase a inclusão do sujeito no processo de leitura e compreensão da obra, resultando em um projeto de planejamento urbano e de desenho intertextual, cujo significado somente pode ser construído através da experiência provida pela percepção e interação do sujeito para com o espaço, pois a verdadeira beleza do lugar, é aquela que causa surpresa e remete ao imaginário coletivo.
Portanto, nosso projeto para a Orla de Charitas, é resultado do processo de experiência entre homem e espaço, e não apenas, pela eficiência de sua funcionalidade, apelo à forma, e mesmo, pelo desejo de agentes mais poderosos. É necessário, nesse contexto, considerarmos a ética a partir…
[video width="426" height="240" mp4="http://oficina.arq.br/wp-content/uploads/2023/03/Gustavo-Martins_Oficina_email.mp4"][/video]
UIA2021 RIO
EIXO TEMÁTICO: Mudanças e Emergências
Título: Comunicação e memória + Paisagem e acolhimento + Transitório e mutante
Subtítulo: Três reflexões e experiências de projeto da OA
País de Origem: Brasil
Idioma: Português
Sinopse:
A história do espaço colaborativo – OFICINA OA, mistura-se com diversas abordagens disruptivas que circunscrevem o Eixo temático Mudanças e Emergências. O primeiro projeto apresentado teve início no ano de 2000, quando o Ateliê obteve o primeiro prêmio no concurso Nacional de projeto para o Centro Cultural OI FUTURO, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, despertando o interesse em discutir uma abordagem local de entendimento do território e daqueles que fazem parte da realidade social e cultural do Bairro através da inspiração projetual fruto da ideia de comunicação e memória.
Em seguida apresenta-se outros dois outros projetos: o NAB é uma resposta necessária a segregação do ambiente universitário, trazendo o enfrentamento de um programa arquitetônico de natural característica introspectiva, inserido em uma paisagem extraordinária, necessária de ser usufruída e acolhida por todos. Por fim, a Arena Olímpica de Handball e Golball dos jogos Olímpicos de 2016, é criada a partir da ideia de uma arquitetura transitória, consciente de sua inerente demolição e remontagem para dar lugar a quatro escolas Municipais na cidade do Rio de Janeiro.